TESTE: Suzuki Intruder VZ 1800 R 2008
Linda! Horrível! Bonita! Feia! Monstro! Espetáculo! Colossal! Tudo adjetivos empregues por quem viu mas não andou nesta Intruder!
E por “andar” nesta Intruder, tem que se considerar fazer algumas centenas de quilômetros até que o nosso corpo se liberte dos vícios que criamos a conduzir outras motos, para que então aí se possa desfrutar de tudo aquilo que ela tem para nos dar! E o que é que um motociclo destas dimensões, tem para nos dar?
Pois aí é que está!
Ou não tem nada, porque não gostamos do gênero, ou então tem tudo para que percamos a razão e fiquemos com ela entranhada no pensamento, com vontade de sair da cama às 4 ou 5 da manhã só para ir fazer quilômetros! Para poder sentir aquela força, aquela compostura em estrada ainda que com curvas, ainda que em andamento rápido, ainda que no meio do trânsito, ainda que em auto-estrada, ainda que de noite ou com chuva! Exceção feita ao mau piso.
Com ela sentimo-nos donos da estrada. Qualquer ultrapassagem tem uma dimensão insignificante pois com apenas um ligeiro rodar de punho, podemos facilmente ultrapassar três ou quatro carros num piscar de olhos! E qualquer semáforo tem um gosto a “drag-race”
Tudo isto sem “espremer o motor” e sempre com uma postura “nobre”.
E se vamos circular em estrada aberta ou auto-estrada, apenas temos que nos preocupar com a autonomia e com o controle da velocidade! Pois até nisso, e ao contrário da concorrência, a proteção aerodinâmica proporcionada por aquele exclusivo farol dianteiro permite-nos rodar confortavelmente a velocidades que fazem as delícias das “brigadas do radar”! Mesmo quem tenha mais de 1,80 metros de altura pode manter a dignidade sem ter que se baixar ou encolher para poder andar um pouco mais rápido!
Mas então não há defeitos? Claro que há! Não há motos perfeitas…
Pode quase dizer-se que esta Intruder não tem suspensão, de tão rijida que é! E trezentos e tal quilos de peso, não são fáceis de manobrar para todos os motociclistas! E o consumo algo elevado também pode constituir um defeito para alguns bolsos mais apertadas! E a Iluminação também sofre do efeito "XX", deixando-nos “cegos” ao circular em médios em curvas de raio mais apertado!
E o Pneu traseiro com aquela largura desmesurada mas necessária para poder aplicar todo aquele binário no asfalto, também nos pode pregar sustos! Por isso temos que ter cuidado com as saídas de garagem, as sarjetas, as valetas, os pisos derretidos que formam aqueles montes de asfalto, pois quando o pneu traseiro os atinge apenas de um dos lados, isto se circulamos abaixo dos 40 Km/hora, podem provocar um desequilíbrio muito rápido e desagradável que nos pode pôr em dificuldades, sobretudo devido ao peso da Intruder.
Nas curvas de raio reduzido, nomeadamente rotundas ou cruzamentos, quando circulamos em segunda velocidade (a primeira é quase desnecessária), devemos recorrer à embreagem para podermos manter uma aceleração mais suave, pois o “dois cilindros em V” tem tendência a dar umas engasgadelas abaixo das 1500rpm.
E com a chuva, além de termos que recorrer ainda mais à embreagem, temos que dosar muito bem o acelerador para evitar a patinagem da roda traseira, pois quando 300 quilos escorregam… E ainda temos que ter cuidado onde pomos os pés, sobretudo a manobrar, pois se algum perde aderência, lá vamos nós…
Em termos de condução, tenho que deixar claro que não estamos aqui a falar nem de uma “trail”, nem de uma “R”. Claro que a Intruder tem limitações! Curvas muito apertadas e encadeadas têm que ser feitas a velocidade relativamente mais baixa do que se fossemos numa outra moto “agarrados” à roda dianteira! Pisos em mau estado podem originar grandes pancadas na coluna ou até, eventualmente, cuspir-nos da moto para fora!
Mas a perfeição da frenagem, a limpeza com que o gigante 240 agarra a estrada em aceleração e a suavidade com que o motor pode libertar a potência que desenvolve são mais do que suficientes para garantirem uma segurança impressionante.
Em curva, a partir dos 40 Km/hora, a Intruder comporta-se de uma maneira tão própria, mantendo um comportamento tão neutro, mesmo até quando começa a raspar com as pedaleiras no chão, que nos deixa confiantes e desejosos por fazer a próxima. Claro que é uma máquina que não “cai” para o centro da curva, há que lá pô-la. Mas no fim de poucos quilômetros já sabemos como, e a partir daí…
Para resumir, não é uma moto para o dia a dia.
Será uma moto para ter na garagem, e sempre que haja bom tempo ou que precisamos nos “animar” o nosso ego, possamos saltar para cima dela e ir encher a alma com aquele som emitido pelos escapes, sentir aquela vibração nas entranhas, rodar o punho e sentir a alucinação da velocidade.
Alerta:
Todo o prazer que esta máquina nos proporciona, conta com tecnologia bastante avançada, com preços conseqüentemente equivalentes.
Por isso aqui fica uma nota para os interessados: O fantástico pneu 240 tem uma duração relativamente curta.
Ficha técnica
Motor | |
Tipo: | 4 tempos, bicilindrico em V a 54º, refrigeração por liquido |
Distribuição: | DOHC, 4 válvulas por cilindro |
Diâmetro x curso: | 112x90,5mm |
Potência declarada: | 120 cv/6000rpm |
Binário declarado: | 15,3kgm/3500rpm |
Ignição: | digital |
Alimentação: | injeção eletrônica, corpos de 54mm |
Arranque: | elétrico |
Caixa: | 5 velocidades |
Transmissão secundária: | por veio e cardan |
Ciclística | |
Quadro: | tubular em aço |
Suspensão dianteira: | Forquilha Kayaba invertida, 46 mm de diâmetro |
Suspensão traseira: | mono-amortecedor, regulável em pré-carga, 118mm de curso |
Freio dianteiro: | duplo disco de 310mm com pinças radiais de dois pistões |
Freio traseiro: | disco de 275mm com pinça de dois pistões |
Roda dianteira: | 130/70-18'' |
Roda traseira: | 240/40-18'' |
Dimensões | |
Distância entre eixos: | 1751mm |
Altura do assento: | 700mm |
Capacidade do depósito: | 19l |
Peso: | 315kg |
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